O teu amor deixou o meu coração em sobressalto,
mostrou-lhe o sabor da paixão e a amarga textura da derrota,
Os meus lábios finos deixaram-se seduzir pelo fogo ardente da tua paixão,
Os meus joelhos ficaram tremidos no medo da tua ausência,
a minha alma derreteu-se lentamente com os segredos do passado,
e a minha mente sobrevoou adormecida sobre o teu peito perfumado...


Adeus meu amante apaixonado, não me esqueças. No meio da multidão, num momento ocasional no seio da tua rotina estagnada, num mero segundo de distração, procura-me por entre as tuas memórias, encontra-me na tua juventude agora ausente. Encontra-me no recanto escuro do teu coração onde então me deixaste e lembra-te...Lembra-te que eu te amava e recorda como agora sentes a minha falta. Saudades da minha gargalhada extrovertida e por vezes exagerada, do meu jeito súbtil e honesto, do meu cabelo incerto e longo, da minha presença... Encontraste-me? Um mero segundo de acaso, é tudo o que um dia restará de nós. Um instante imprevisto num dia improvável enquanto caminhas por aquela mesma rua que te habituaste a percorrer durante a tua vida, no meio da multidão, no meio de rostos infamiliares, pessoas estranhas e desproporcionadas. Cairás na tentação de no virar da esquina, encher o teu peito com uma esperança vencida de que os nossos olhares uma vez mais se iram cruzar, mas, na verdade, sabes que tal não acontecerá. Não me encontraste, mas a curiosidade do que puderia ter sido consome essa tua rotina e faz-te todos os dias num segundo de distracção procura-me na rua entre rostos infamiliares. Escapei-te sem dares por isso. Num momento estava contigo, ao teu lado, sob o teu olhar atento, e noutro, deste-te por ti sem mim, já não estava mais sob o teu olhar, já não me podias ver ou tocar, mas aceitaste pois esperavas que algo melhor surgisse, afinal o tempo ainda era jovem e muito tinha por mostrar. Mas o mistério morreu, assasinado e devastado por amores superficiais e mal-entendidos, e foi substituido por essa tua agora rotina repetitiva, amarga e infeliz, onde agora percebes quem verdadeiramente te amou e estava ali para ti mas que tu olhaste e não viste, nunca...Saboreia a memória de mim meu amor, eu deixo...Perguntaste agora, onde estou, o que me aconteceu, até onde onde os meus sonhos e ambições me levaram, em que ponto a minha vida se encontra e procuras respostas, mas sabes que nunca as terás, porque mesmo que um dia me encontres no meio da multidão misturada no meio de todos os rostos infamiliares, eu não te irei ver, pois o meu tempo continua jovem e refrescante alimentado por um dia-a-dia irreconhecivel e instável, não sobrando para mim um segundo de distracção para me recordar de ti... Por isso, dorme bem meu amor, adeus, sonha comigo pois esse sonho é tudo o que de mim te restará.

2 comentários:

  1. a frase que tu "sublinhaste", é a que dá o verdadeiro sentido ao que está escrito! e (infelizmente) torna-se cada vez mais a mais pura das verdades.

    ResponderEliminar