Para ti, P

Esta frio. Pela primeira vez em muito tempo posso-te dizer que esta frio. Esta fria a alma, a vida...Esta a congelar o coracao. Mas o meu pensamento teima em aquecer-se constantemente nas lembrancas de ti, de nos. Nao e que eu sinta propriamente saudades tuas, talvez sim, talvez nao. Acho que tenho saudades de como no inicio me fazias sentir. Jovem, apaixonada e sobretudo, amada. Eu sei que foi apenas uma ilusao, um mero sonho que terminou inesperadamente com o tocar barulhento do despertador mas vamos admitir, foi um bom sonho, daqueles que mesmo acordados, viramo-nos para o outro lado da cama e tentamentos na nossa cabeca voltar a ele. Mas nao deu, nao e? Nao te vou mentir, as vezes, aqui no frio, quando a noite escura ilumina a cidade, eu olho as estrelas quando nao consigo dormir e penso. Penso onde e que falhamos, onde e que eu falhei. Durante muito tempo custou-me aceitar o fim, custou-me ver que eu e tu nao dava mais e agora vejo que eu apenas estava a tentar desesperadamente voltar a adormecer e sonhar novamente aquele mesmo sonho tao belo, tao perfeito. Eu acho agora que e por isso que eu nao queria desistir que eu aceitava todo aquele sofrimento de ainda estar contigo. Pareciamos um casal de velhos que ja estavam juntos a tanto tempo que deixaram o amor morrer e nao se importaram em fazer nada para nao deixar isso acontecer. E como se eu nos estivesse a ver a morrer e queria tanto, mas tanto salvar-nos. A minha esperanca era tao grandiosa que eu acreditei que isso era sufeciente. Acreditar que tudo iria ficar bem, que aquilo era apenas uma ma fase. Por momentos no passado eu acreditei que tu eras o meu conto de fadas. Mas nunca foste o meu principe pois nao? Agora vejo que se calhar sempre pertenceste a outra pessoa e eu e que estive sempre no meio do caminho, no meio da tua felicidade, sem mim... Lembro-me de chorarmos, lembro-me o quanto lamentamos, lembro o quanto me custou dizer-te ''adeus''. Costumavas dizer-me que eras a minha ''paixao lusitana'' e apesar de durante todo aquele tempo ter-te negado sempre isso para nao ficares demasiado convencido, tu no fundo sabes tao bem quanto eu que esse meu nao sempre foi um sim absoluto. Lembras-te do quanto riamos? De ficarmos naquele banco a olhar o mar e tu me perguntares o que e que eu tinha visto em ti? que so tinhas defeitos e nao percebias o porque de eu ser capaz de te amar tanto? eu lembro-me tao bem de ti. O mais engracado e que ate mesmo nos dias em te odiava eu amava-te. Talvez se naquela altura soubessemos o que sabemos hoje, talvez tudo tivesse sido diferente. Talvez tivessemos realmente ficado juntos para sempre como todos os nossos amigos achavam que ficariamos. Como eu pensava que ficariamos...  Apesar de aquilo que tinhamos ter-se dissipado com as armadilhas do tempo e nos ter escapado por entre os dedos, por entre as veias matreiras do coracao, tu, apesar de tudo, sempre me conheceste melhor que ninguem e eu a ti. Ainda hoje, ao passar por ti consigo dizer pelo teu olhar ou a expressao que carregas na cara se estas triste ou contente, se te apetece chorar ou se estas de facto feliz. Ainda hoje consigo perceber se aquele teu sorriso e apenas uma aparencia que vestes de manha para enganar o mundo. Sabes, de facto, apesar de tudo, mesmo apesar dos momentos maus, construimos uma historia de amor que ambos iremos carregar como leves penas no nosso coracao e sei que nao importa os anos que passarem, nos seremos sempre nos e o nosso amor estara para sempre a nossa espera em cada canto e em cada esquina. Talvez um dia meu bem, talvez quando ambos soubermos melhor, quando ambos formos melhor...Ate la, resta-nos isto: apenas palavras perdidas, memorias guardadas e este eterno adeus...Ate um dia P.

P.S: Hoje senti a tua falta...